terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Fardo

Desde muito nova sempre me julguei uma fortaleza,que as pessoas a minha volta precisavam de mim muito mais do que eu delas,foram muitos anos lutando contra tudo e todos,tentando desesperadamente me auto defender,fazer valer meus ideais,opiniões e crenças,mesmo que da maneira errada,torta,nem que fosse aos gritos e ofensas era fundamental para minha existência persistir,não me entregar e jamais me dar por vencida.
Não importava o quanto me custava,o quanto doía e a magoa que cada obstáculo deixaria,dificuldades encarei mil,milhões e sempre me sentindo só,eu por mim mesma,sem ninguém que gritasse ao meu lado que lutasse por mim ou apenas me defendesse.
Tantas vezes julgada,tratada como um peso,um erro,inúmeras vezes pisoteada,humilhada,rejeitada,mas sempre ali a volta a espera de migalhas,sobras de carinho e atenção,mas nada me fazia baixar os braços.....até agora,até o dia de hoje...
Nunca na vida tive instintos suícidas,sempre julguei que isso era para os fracos,mas hoje deste lado de cá percebo por um só instante que me enganei,consigo entender que algumas vezes a vida nos da tantas provações ao mesmo tempo que nós como simples mortais somos incapazes de ultrapassar....Uma vez aos 33 anos perguntei a minha progenitora porque ela era tão dura comigo,porque aos olhos dela eu tinha um tratamento diferente em relação aos meus dois irmãos já que eu era a primeira filha,a única mulher e ela respondeu dizendo que o meu irmão mais velho ela julgava ser muito fraco,dependente e o mais novo ela estava tentando fazer o oposto de tudo que fez com nós dois,os primeiros e que comigo ela era assim pois sempre me viu forte,independente,que sabia muito bem o que queria e ia a luta por mais errada que fosse ou pelas causas erradas eu era uma guerreira e ela queria me tornar mais forte ainda,e eu disse para ela parar pois estava sendo dura demais comigo a anos a fio,hoje mesmo a distância ela consegue me causar danos,danos tão profundos que não consigo ver o estrago total e como se já não bastasse ela a vida tem desempenhado seu papél....
O dia que embarquei para Portugal na minha ingenuidade estúpida acreditei que enfim teria paz,que seria feliz sem qualquer empecilho,já não tinha as pessoas que me causaram mau a vida toda por perto era somente eu,minha filha e meu marido,jamais poderia imaginar que um país,suas leis e preconceitos poderiam causar mais dano ainda que um dia eu já havia sofrido,nunca me passou pela cabeça que ainda haveria mais e mais penar,que idiotice a minha pois não????
Não sei quem la em cima determinou que essa miserável aqui tinha passado por pouco e que ainda tinha mais,muito mais,perder um bebé era pouco,alem de ter sido menosprezada sua dor física e de sua alma o médico tinha que ser um anormal sem respeito algum pelo ser humano ,mas um não bastou tinha que ser dois e na segunda vez ela tinha que ver ali dentro da sanita sua cria tão desejada e amada,só que isso é apenas o começo seguem se situações sem fim,onde minhas forças escorrem por entre meus dedos me tornando incapaz se quer de relatar,descrever ou até mesmo postar aqui...
Pela primeira vez em toda minha puta vida dou me por vencida,onde cansada só desejo por fim a tudo,já não sou mais capaz de suportar,já não me sinto mais capaz de me agarrar a um Deus invisível onde a única garantia que tenho é que esta ao meu lado por mais que não o possa sentir,já não sou mais capaz de acreditar,ter fé e esperanças,já não sou mais capaz de persistir....
Espero que um dia ao menos minha filha e marido possam entender ou respeitar o que meu coração tanto grita no silêncio de minhas palavras,que eu continue sendo o grande amor deles e que entendam que não fui covarde por desistir mas que aceitei que essa guerra eu perdi!!!